REVIEW DE ESTREIA: Um Lugar Ao Sol

ATENÇÃO: 

Se você gostou da estreia de Um Lugar Ao Sol, recomendamos fortemente que NÃO leia esta review!


NOTA: 3 📝


Para a sinopse, leia a review anterior sobre a novela.


CAUÃ REYMOND DE PERUCA EM DOSE DUPLA

A novela já começou com a cena do aniversário de 18 anos dos irmãos gêmeos interpretados pelo Cauã Reymond... encenados por ele mesmo! Sim, senhoras e senhores, Cauã Reymond, do alto de seus 41 anos foi quem apareceu em cena como seus personagens aos 18 aninhos. Como diria a saudosa Hebe, não é uma gracinha?!



Bom, voltamos nisso logo mais, agora vamos para o comecinho da novela, a cena inicial mostrou alguém num fogão colocando ingredientes para fazer um bolo e por um minuto eu pensei que fossem reprisar A Dona do Pedaço 😀... só que não! 



Maria da Paz voltou?!

Fomos apresentados às realidades distintas das comemorações da maioridade dos gêmeos protagonistas - enquanto um ganhava um rico presentinho dos pais endinheirados, o outro deixava o abrigo para menores onde cresceu rumo a dura vida adulta de alguém que não tem família e nem um tostão no bolso.


Enquanto Paolo Renato, ex Christofer, comemora em sua
casa chique com seus amigos da alta sociedade e família rica... 


...o pobre Paulino Christian celebra de forma singela mas
verdadeira no abrigo com seus amigos órfãos 


E como gêmeos nascem no mesmo dia (obviamente!), resolveram mostrar a cena do parto deles! Se era para emocionar, falhou miseravelmente tendo em vista o que vimos em tela: uma cena de histeria desnecessária para contar que a mãe dos meninos sofreu muito ao dar à luz e morreu logo depois do parto. Por motivos de sanidade mental nem vamos colocar imagens disso. De nada.

O pai dos meninos, pobre e sozinho, ainda tentou se virar (mais ou menos, só que mais pra menos) com os pequenos rebentos, até que uma conhecida informou que um casal rico que estava de férias na cidade queria uma criança para adotar. Ernani, o viúvo pai de gêmeos, entrega só um dos filhos e rejeita receber a quantia que lhe é oferecida, afinal, ele é pobre mas tem dignidade e um orgulho que permanecerão intactos... mesmo quando anos depois ele se converter num alcoólatra que joga na cara do filho pobre que o procura que preferia ter sido encontrado pelo menino que foi adotado pela família rica 😁👍


"Eu tenho minha dignidade"... só que não muito!

Como sempre a Lícia Manzo (para quem não sabe é a autora da novela) mestre em fazer personagens masculinos frouxos! Se fosse mulher ele estava se virando nos 30 pra criar as duas crianças sem ajuda, ou, no mínimo, tinha feito 90% diferente desse aí.

Bom, continuando... a verdade é que o Cauã Reymond fazendo os gêmeos com 18 foi o menos pior de todos os problemas que o capítulo de estreia teve! Apesar da zoeira no twitter, a caracterização nem ficou assim tão tosca, vai... eles esticaram a carinha do Reymond com alguma técnica para parecer mais lisa, sem marcas de expressão (especulamos: produtos Ivone? Plástica natural Eloísa Medina? 🤔e quanto às perucas só não acertaram na do gêmeo rico - que ironia, justo o gêmeo com mais condição de fazer um mega hair!






Quanto à atuação do Reymond, ele mandou bem na diferenciação dos personagens. Até o sotaque do gêmeo pobre, embora flutuante, ele conseguiu controlar na maior parte do tempo. Então realmente convenceu como duas pessoas distintas, embora parecidas fisicamente. Três pontinhos para a novela! 👍

O elenco ainda não foi todo apresentado nesse primeiro capítulo, mas tivemos uma leva de alguns bons atores fazendo sua aparição. O estranhamento aqui fica por conta do sotaque do pai adotivo do gêmeo rico, que na brevíssima primeira etapa, quando jovem, não tinha nenhum e misteriosamente, quando pulamos para a fase dos gêmeos com 18 anos, envelheceu e adquiriu um sotaque que obviamente é do ator que o interpretou, então faltou um pouquinho de cuidado nisso. 


Outra coisa chata foi ver a mesma atriz fazendo o papel de matriarca opressora, no caso a Ana Beatriz Nogueira fazendo a mãe adotiva do gêmeo rico. Até dá para entender que todo autor tenha seus queridinhos, mas dava pra inovar um pouco nos papéis que andam dando pra ela, né não?


Depois falam que só em novela mexicana os atores fazem sempre o mesmo papel!

Bom, passados esses 18 anos na vida dos gêmeos protagonistas são apresentadas as diferenças de classe e de amadurecimento entre os dois - o rico é um playboy mimado que não quer saber de nada enquanto o pobre está batalhando por Um Lugar Ao Sol  😉  Enfim, como o gêmeo playba só dá desgosto, o pai adotivo acaba tendo um ataque do coração e no leito de morte conta para o Paolo Renato que ele foi adotado. TARAN!!! Está instalado o drama que o rebelde sem causa precisava para entrar em crise. Ele enfrenta a mãe adotiva pra saber a sua verdadeira origem e ela, claro, como boa matriarca opressora que é mente pra ele dizendo que o pai biológico dele morreu assim como o irmão gêmeo. Aí a revolta se instala no filhinho da mamãe, que decide ir sofrer sua crise de identidade na Europa que é muito mais chique e porque ele tem dinheiro - graças aos pais adotivos que ele acaba de renegar, mas por que ele haveria de se atentar para isso, não é mesmo? 💁

O gêmeo pobre, por sua vez, depois de não ter conseguido passar no vestibular, começa sua própria crise porque deseja subir na vida e acha que se tiver uma ajudinha vai ser muito melhor. Por isso ele tem a brilhante ideia de procurar o pai biológico pra ver se o sujeito tem alguma graninha embaixo do colchão ou alguma terrinha que possa dar de herança para Paulino Christian começar seu futuro, afinal, trabalhar pra quê, né? Parece estar no DNA desses gêmeos! 👥

Bom, só que o reencontro de Paulino Christian com o papai não acaba bem como ele gostaria e nosso gêmeo pobre só consegue mesmo saber que o pai tá numa situação ainda pior que a dele e que teve um irmão gêmeo que foi adotado por uma família de posses. Já é alguma coisa, né? Para quem tava caçando um tesouro, parece que Paulino Christian encontrou o mapa da mina!

Enfim, isso foi o que teve de mais interessante na primeira meia hora, que já foi um pouco entediante, mas nada superou os dois últimos blocos que foram sem tempero algum, sem nenhum grande acontecimento - tirando o gancho final - e ainda se arrastou com algumas cenas desnecessárias.

GÊMEOS RANÇOSOS

Paolo Renato é muito ingrato! Tem tudo do bom e do melhor e mesmo assim não quer fazer vestibular porque ainda não descobriu do que gosta e também não quer trabalhar porque... oras, porque ele é um rico herdeiro, então trabalhar pra quê se já fizeram tudo por ele, não é mesmo

 Paulino Christian quer ter uma chance na vida, mas às custas dos outros!! Primeiro ele foi atrás do pai pra ver se o velho tinha alguma coisa pra dar pra ele, como viu que o homem é só um alcóolatra ferrado, foi embora de posse só mesmo da informação de que tem um irmão gêmeo que foi adotado por uma família rica e com base nisso e uma foto de revista do irmão playboy num estádio de futebol, largou o pouco que tinha pra ir atrás do irmão rico de mãos abanando! Muito inteligente, não?

E queria saber se o senhor tem alguma herança pra me dar 💰

Um é o clássico riquinho mimado que não reconhece tudo que tem na vida, é um frustrado ingrato. O outro é o pobre que quer subir na vida só que às custas de uma herança do pai que o largou num abrigo ou do irmão que ele descobriu que foi adotado por uma família rica - a inteligência é tanta que não passou pela cabeça dele que pra ter sido deixado num equivalente a um orfanato é porque a chance era grande de que esse homem não devia ter um puto no bolso para criar um filho! A crítica da autora já saiu pela culatra aí!

E o tempo que o gêmeo pobre perde durante ANOS só tentando encontrar o tal irmão rico? Se ele tivesse investido nele mesmo, em buscar um emprego melhor, continuar os estudos, enfim, era mais capaz de ter conseguido tirar o pé da lama do que esperando achar a fortuna do irmão desconhecido pra fazer alguma coisa.

A trama foi tão absurda pra mim nesses pontos que não dá pra comprar. Simplesmente não consigo engolir o Christian como o coitado sem oportunidade na vida, por mais que tenham trabalhado na tentativa de vendê-lo como um rapaz batalhador e honesto eu só consegui ver foi um cara no fundo bem do interesseiro e obcecado com essa ideia de encontrar o irmão só porque sabe que ele tem dinheiro! 🤑  Se soubesse que o gêmeo era ferrado que nem ele tá na cara que nem ia sonhar em procurar o rapaz!  😒




Tadinho... só que não!


A noção que ficou foi "Vou me dar bem na vida, mas dependendo de uma outra pessoa que tem o dinheiro para me financiar." Só que aí ele conhece a personagem da Andreia Horta e se apaixona e começa a gostar da vida de pobre mesmo, que convincente #ironiamodeon


A cena de amor dos dois foi muito romântica, aliás! Mão na bunda, bunda na mão, umas linguadas, tudo sob uma falta de luz de irritar os olhos e ao som de uma MPB bem lentinha pra audiência dormir melhor - nada contra MPB, viu, gente? Inclusive eu gosto muito do estilo, mas no meio de um primeiro capítulo de novela que já estava extremamente chato não ajudou em nada!


Alguém acende a luz, por favor!

Já o gêmeo rico só fuma e bebe às custas do dinheiro dos pais adotivos que ele renegou. Dinheiro esse que também bancou sua viagem para a Europa onde ele foi chorar e viver de drama de consciência durante ANOS em vez de tentar melhorar, fazer algo diferente, mas não... ficou só sentindo pena de si mesmo. Eis outro personagem que também não convenceu. Aliás, encheu a paciência! Não consegui ter empatia por nenhum dos dois, esses gêmeos só conseguiram meu ranço à primeira vista mesmo.


Tem muita coisa que a gente é capaz de aceitar e tolerar em novelas, mas tem outras que só ofendem a inteligência do espectador, e é o caso de Um Lugar Ao Sol pra mim. Afinal de contas, a autora quer imprimir uma dubiedade nesse gêmeo pobre ou só fazer uma mirabolante crítica social? Porque se for a última opção não colou nem vai colar diante de tudo que já foi destacado aqui e do fato de que ele, na primeira oportunidade, vai tomar a vida do irmão e passar a vivê-la como se fosse sua própria. Tá ok, a autora não quer um personagem maniqueísta, o que é super válido... só que ao longo desse primeiro capítulo o personagem não foi construído assim, ou se foi não conseguiram passar isso para o público. A impressão que fica é mesmo a de que tentaram pintar o gêmeo pobre como aquele injustiçado social, mas ele só foi interesseiro mesmo. Já o gêmeo rico foi só um chato, improdutivo, vitimista ingrato... um porre! Ou seja, faltou desenvolvimento e complexidade nesses dois protagonistas.

Para além disso, tivemos uma iluminação terrível! Ainda não sei qual é o lance com esse tipo de tendência a escurecer as novelas globais. A trilha sonora de Um Lugar ao Sol também não colaborou em nada! Sem falar que a abertura conceitual não vai pegar, nem tem aquele tema chiclete que vai ficar na mente e na boca do povo.



Para resumir tudo, o primeiro capítulo foi chato, sem emoção de verdade. Novela escura, cheia de lamentação: melhorem!

SUCESSO DE CRÍTICA X SUCESSO DE PÚBLICO

Se a Globo quer emplacar novamente um sucesso de massa no horário das 21h tem que se mirar nos acertos do seu último grande êxito nesta faixa. Sei bem que muitos não gostaram de A Dona Do Pedaço e sim, foi uma novela totalmente mal escrita, cheia de furos no roteiro, mas era a farofada que oferecia entretenimento e acertou na maior parte do elenco, na trilha sonora e na iluminação: era solar, você via as coisas direito. Essa mania de luz azul que a globo pegou e não quer largar nas suas novelas incomoda e afugenta muita gente.

Tornamos a repetir aqui, novelas conceituais e cults demais para esse horário nobre costumam não emplacar, é só olhar para os casos de Velho Chico e Amor de Mãe, para citar só duas nesses estilos. 


Novelas que foram bem de crítica, mas não
corresponderam junto ao público

Normalmente esse tipo de novela atrai um público mais elitizado e/ou mais cabeça. Eu não sei se é bom ou ruim, mas é um fato: o povo, povo mesmo, quer se entreter nesse horário, ainda mais que é aquele momento em que a maioria voltou do trabalho e está em casa e quer descanso, distração, especialmente depois do Jornal Nacional que, como todo noticiário do país, é 99% notícia ruim e desgraça. O brasileiro médio não quer saber de pensar demais assistindo a uma novela das 21h, ele quer se alienar um pouco do dia-a-dia, dos problemas.

É legal que uma novela deixe mensagens, chame a atenção para temas importantes, mas até a forma de fazer isso tem que ser sutil no horário das 21h. Em outros horários como as 18h ou 23h já cabe algo mais conceitual, mais cabeça. Mas no horário das nove acho que já ficou provado que o que faz sucesso realmente é o velho e bom novelão, com farofa mesmo, se possível. A novela pode ser até mal escrita que o público perdoa, mas não compra uma obra prima que não tenha os ingredientes do entretenimento de massa. Pronto, falei! De nada.

Lab Girl

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