Sila - Review da Semana de Estreia


"Sila" já estreou. Em sua primeira semana, a Band exibiu o que no original corresponde ao 1º capítulo e um pouco do 2º capítulo da trama. A novela ainda não caiu nas graças de algumas pessoas, conforme previmos no nosso adiantado resumão do capítulo de estreia.

Pois bem. Para conseguir apreciar "Sila", é preciso que o telespectador entenda o contexto em que a história está inserida. As novelas turcas anteriores ("Mil e Uma Noites" e "Fatmagül") se passavam predominantemente em grandes cidades, centros urbanos onde costumes e comportamentos são mais parecidos ao que nós costumamos achar "normal" (sendo que normalidade é um conceito muito elástico e varia de pessoa para pessoa e região para região).

Apesar da personagem Sila ter crescido em Istambul, ela volta para o lugar onde nasceu, Mardin, e é lá que a maior parte da novela se passa. A região é conflituosa, nela os costumes locais prevalecem às leis da cidade grande, existem muitos conflitos entre famílias, disputas de poder. É preciso entender isso antes de mais nada.



A trama principal é até bem interessante e já vimos algo parecido pelas nossas bandas com as conhecidas novelas "O Clone" e "Caminho das Índias". Ver "Sila" é mergulhar em outro mundo também. Talvez ela seja até mais interessante do que essas citadas por ser uma produção originalmente daquele lugar, e não uma adaptação "a brasileira", muitas vezes caricata; ocorre que seu ponto de partida é muito surreal para as nossas cabeças super ocidentais e com os dois pés no século 21.

É mesmo estranho que a Sila, moça estudada e que cresceu na cidade grande, seja tão facilmente engambelada pela família de origem e não perceba que está se casando durante a cerimônia em que seu irmão, Azad, e a irmã de Boran, Narin, também são noivos. Como dissemos no resumão do capítulo #1, nem todo mundo ia gostar de Sila logo de cara, muito menos nesse comecinho. Mas há que dar uma chance à novela de desenvolver um pouco mais seu enredo, conhecermos melhor costumes e personagens para apreciá-la.



O contexto de "Sila" é totalmente diferente das partes mais cosmopolitas e desenvolvidas da Turquia, como já dito. Lá existe divisão do povo em "tribos" ou "clãs", como preferiu a tradução para o português. A família Genco forma o clã mais importante daquela região, cabendo a Boran a posição de chefe ou aha de seu povo. É seu dever zelar pelos costumes do lugar e fazer com que eles sejam seguidos a risca por todos, inclusive por ele próprio e os seus. É por esta razão que ele aceita o tal pacto com a família de Sila - ou ele se casava com uma das filhas da família e sua irmã com o seu "raptor", ou, de acordo com a tradição, a honra teria que ser lavada com sangue, resultando na morte de Azad (irmão de Sila) e Narin (irmã de Boran).

Apesar da posição que ocupa e de sua aparente dureza externa, Boran Genco é um homem que tem coração, e, obviamente, ele não quer que ninguém morra, ainda mais porque sabe que, embora Azad tenha agido errado ao levar Narin de casa, eles se amam. Então, para evitar a morte dos dois por causa das malditas tradições, ele prefere se sacrificar e se casar com a irmã de Azad para que o pacto seja oficializado e, assim, ninguém morra.



Bom, mas o tal pacto não para por aí, não. Mesmo Boran tendo se casado com Sila, manda a tradição que, se ela o rejeitar ou fugir, ela também deve ser morta, juntamente com Azad e Narin, pois o pacto seria rompido. É uma coisa maluca, mas, lembrem-se: estamos falando de uma outra realidade!

Tanto Boran quanto Sila são vítimas desse acordo e das circunstâncias. Ele, por não saber que Sila está sendo forçada a se casar mesmo contra a sua vontade, e ignora completamente o esquema sujo que fizeram para levá-la a dizer sim. Ela, por ser a grande vítima de todo esse esquema do qual não pôde escolher participar - foi sumariamente obrigada.

Voltando à protagonista da história e ao quanto foi estranho ela não perceber que estava se casando... Sila é uma moça que cresceu em Istambul com muito luxo e cercada numa redoma de conforto e mimos pelos pais adotivos. Ela teve de tudo. Roupas caras, joias, estudo. Para alguém que tem tudo na vida, o que resta além de sonhar? Pois é, Sila era uma sonhadora. Até ser violentamente despertada quando a jogaram nessa realidade paralela. Deve ser até por isso que o refrão da canção escolhida pela Band como tema da novela fala que "viver é mais do que sonhar". Bem adequado. A moça rica teve que acordar para a vida e como ela também pode ser dura. 



Na cena do casamento, vemos a noiva de Azad, irmão da Sila, a Narin, com um vestido branco, bem parecido com o que identificamos com um vestido de noiva. Já o da Sila mais parece um roupão de festa ( xD ), é uma túnica muito diferente e não tinha nada que indicasse que ela seria uma noiva também, a não ser o véu branco na cabeça. 

Para alguém que veio de Istambul, a Sila não deve ter desconfiado da roupa por isso, até que faz algum sentido. Mas ela conhecia uma dança típica e não conhecia um vestido típico de noiva? Pode ser. Vamos pensar que sim e a coisa fica um pouco menos estranha. Entre conhecer uma dança de casamento que pode ser dançada em diferentes regiões do país e conhecer trajes locais, existe alguma distância. E o véu? Aí vai ver ela pensou que estava se passando por uma espécie de vice-noiva, como nos casamentos indianos (#HelloCaminhoDasÍndias xD ) ou uma espécie de dama de honra, vai saber...




O que vimos nesta primeira semana foi o engatilhamento da trama na qual a mocinha foi involuntariamente envolvida, culminando com a revelação do motivo real de sua ida à Mardin e do pacto de sangue feito entre as famílias. E isso tudo foi gentilmente explicado à Sila pelo poder de convencimento da pistola de seu irmão Azad.

A coitada aceitou Boran por livre e espontânea pressão, apanhou do pai biológico, foi trancafiada num castelo e traída pela família de origem. Por outro lado, Boran também já entrou pressionado nesse matrimônio, mas por diferentes razões. 


AQUI ENTRA **SPOILER**
 CASO NÃO QUERIA SABER, PULE O PARÁGRAFO ABAIXO

Anteriormente ele tinha sido casado com uma moça cristã, e as famílias de ambos não aceitaram nem viram com bons olhos essa união. Como a moça não conseguia engravidar, com o tempo Boran foi sendo pressionado a tomar uma segunda esposa, como permite a lei muçulmana, mas ele resistia a fazer isso pois amava muito a mulher. Até que a coitada, tendo que conviver com a bruxa da sogra e os tormentos diários e as cobranças na casa do marido, ciente de que já estavam querendo providenciar uma outra esposa para que ele tivesse herdeiros, ela acabou se matando. Depois disso, Boran passou a viver com essa dor e não quis mais saber de casamento, só aceitou Sila pela força das circunstâncias, pois não estava em seus planos se casar novamente.

CONTINUANDO ** SEM SPOILERS **

Assim, Boran está sendo muito pressionado para que tenha um herdeiro. Quando ele entra no quarto nupcial onde Sila foi trancada pelo pai, ela, pensando que foi Boran quem a forçou a aceitar o casamento, munida de um caco de vidro de um quadro horroroso que quebrou com a intenção de resistir a entregar-se ao marido, parte para cima dele disposta a se defender (embora ele não a tenha atacado). Mas eis que então Silinha descobre que Boran também foi enganado! 



Depois de saber de tudo, de como ela foi parar ali e por que se casou com ele, Boran fica furioso, naturalmente. Já Sila, que apesar de estar num pesadelo ainda segue com aquele 1% sonhadora, pensa que ao contar sua história ao Boran ele vai entender e liberá-la do compromisso para que ela volte para Istambul. Sabe de nada mesmo, essa inocente! Boran fica bravo, sim, por ter sido enganado e por terem forçado Sila a se casar com ele. Mas ele não pode deixá-la ir embora. Lembram do que dissemos lá em cima? Romper o compromisso é o mesmo que romper o pacto e as consequências são sangrentas. 

Bom, a Sila ainda não entendeu isso. Não é à toa que ela fica desesperada quando Boran diz que ela não vai poder voltar para casa e, numa cena muito tensa, em que os dois discutem, ele a toma nos braços e a carrega para o quarto nupcial... o que será que vai acontecer? Assistam pra saber, vocês não vão se arrepender. 

O forte de Sila é justamente o surgimento e o desenrolar do relacionamento entre esses dois personagens.


Imagens: @SilaNaBand e Google

Comentários

  1. É verdade mesmo, se os pais biológicos da Sila não dessem uma filha pra ser esposa para Boram, o irmão da Sila e a irmã do Boram seriam mortos?

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  2. olha eu nao conheço profundamente os costumes desses povos ,mas a gente sempre escuta noticias de estupro coletivo , retirada do clitoris em algumas tribos da africa , escrevas sexuais mesmo no mundo ocidental entao entender esses costumes e dificil para nos mas nao podemos critica-los pois o continente americano é formado por inumeros povos descaracterizando costumes e culturas proprias . somos um continente ainda novo e principalmente o povo brasileiro esta em busca de uma identidade que nao seja importada . gosto muito da novela e espero que a band continue nos dando a oportunidade de conhecer paises e costumes diferentes .

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  3. Estou adorando esta novela, ele revela os costumes de uma outra civilização, é bom nos inteirar de como algumas religiões, tradições prevalecem, assim como o poder patriarcal. Só Sei que estou amando esse amor louco dos dois. São lindos. Como eu gostaria de ter um Boram desse.

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