CRÍTICA: TOPÍSSIMA, A REPRISE

 



 "   Na Zona Sul do Rio de Janeiro mora Sophia (Camila Rodrigues), uma empresária rica e bem sucedida que é obrigada pela mãe, a perua Lara (Cristiana Oliveira), a assinar um termo de que se casará dentro de um ano para assumir a presidência do Grupo Alencar ou perderá o posto. Quem não gosta disso é Paulo Roberto (Floriano Peixoto), meio-irmão de Lara que nunca teve direito à herança, mas que comandava o grupo pela incapacidade dela, jurando se vingar ao ser rebaixado. Já na favela do Vidigal mora Antônio (Felipe Cunha), um taxista honesto, mas rústico e um pouco machista por ter amadurecido cedo para cuidar da mãe, Mariinha (Sílvia Pfeifer), dona do restaurante Cantinho da Laje, e da irmã Gabriela (Rafaela Sampaio), que vive um romance conturbado com Rafael (Marcelo Rodrigues Filho), filho de Paulo Roberto, que não admite ele se interessar por uma moça da favela. Ao se conhecerem, Sophia e Antônio se detestam à primeira vista, mas acabam vivendo um intenso romance para desespero de Lara, que não quer a filha envolvida com um favelado, ainda mais quando descobre que a mãe do rapaz é a mulher de quem ela roubou o noivo, Carlos (Maurício Mattar), na juventude.

    Visando retomar a presidência do Grupo Alencar, Paulo Roberto arma para parecer que Sophia está por trás do tráfico de uma droga sintética batizada de Veludo Azul, que está se alastrando pelo Brasil, da qual ninguém imagina que ele é o real criador junto com o policial corrupto Pedro (Felipe Cardoso) e o químico Taylor (Emílio Orciollo Netto), escondendo-se por trás da imagem de empresário íntegro, embora nem imagine que sua assistente e amante Yasmin (Juliana Didone) seja uma espiã infiltrada por Lara para reunir provas contra ele. Quem investiga o caso é o delegado André (Sidney Sampaio), que acredita na culpa de Sophia, e os policiais Graça (Rayanne Morais) e Edevaldo (Eri Johnson), que discordam do chefe e tentam desvendar os verdadeiros culpados, nem imaginando que um deles é Pedro, seu próprio colega de trabalho. "

Fonte: Wikipédia


Exibida originalmente em 2019 pela Record TV, TOPÍSSIMA foi uma novela que se destacou em ibope e junto ao público. Agora em 2021 foi reprisada pela emissora e muita gente que não tinha visto da primeira vez, como esta que vos escreve, resolveu dar uma conferida.  📺

trama policial e o romance improvável dos protagonistas dão o tom e o ritmo de arranque de Topíssima, que começou muito bem oferecendo ao espectador um enredo diferente, ágil, com capítulos que prendiam a atenção de telespectador e ganchos finais que deixavam a curiosidade aguçada para saber o que viria nos próximos.

O velho e bom clichê do casal de protagonistas de mundos e classes sociais diferentes e que, mesmo assim, acabam se apaixonando um pelo outro foi apresentado com uma roupagem mais moderna e um frescor advindos do bom roteiro e da química entre os seus intérpretes, Camila Rodrigues e Felipe Cunha.


Camila e Felipe como Sophia & Antônio

A interpretação de Camila para uma mocinha rica, um tanto quanto mimada mas de bom coração esteve impecável do início ao fim. Sophia Alencar não lembrou em nada a sua Nefertari de Os Dez Mandamentos (papel em que ela também mandou muito bem e ainda estava fresco na memória do público).

Aliás, o visual inicial da mocinha de Topíssima foi um grande acerto, pena que logo depois mudaram a cor e o estilo do corte de cabelo dela (aí lembrou a Nefertari!).

Sophia Alencar antes...


...e depois!


Felipe Cunha era um nome pouco conhecido e teve a oportunidade de estrelar como galã em Topíssima, e fez jus ao posto. O protagonista masculino, como todo bom mocinho de novela, era bonito, íntegro, gente boa e todos os predicados que esse tipo de personagem deve ter, embora também tivesse seu lado mais bronco, orgulhoso e incompreensivo e, em vez de passar pano, a história mostrou como esses eram pontos que ele tinha que amadurecer.


Felipe cunha como Antônio


A boa sintonia e a interação do par central rendeu cenas muito boas, interessantes e divertidas. Até mesmo quando se implicavam ou discutiam por visões de mundo opostas isso foi escrito de maneira inteligente, de modo que saiu daquele batido clichê de mera "guerra dos sexos" para a discussão das diferenças de pensamentos do mundo masculino e do feminino e a busca de um equilíbrio. E, no final das contas, foi sempre que Antônio e Sophia agiram em conjunto, superando suas diferenças em vez de se atropelarem um ao outro que as coisas funcionaram para ambos. Em parceria, como deve ser!



Os personagens coadjuvantes também tiveram bons destaques na trama e em sua maioria foram interpretados por nomes já bem conhecidos do público, como a mãe da mocinha Sophia, vivida de forma impagável por Cristiana Oliveira. 


Lara é uma perua com tintas de vilania e doses de comédia


Lara Alencar era uma autêntica perua cheia de chiliques e artimanhas que lhe garantiram o posto de personagem que o público ama odiar. Não era exatamente uma vilã, mas passava longe de ser uma personagem de boas tintas já que fez da vida do ex-marido e das filhas um inferno. Acabou sendo assassinada devido ao caos em que se meteu pela rivalidade com o meio irmão Paulo Roberto, interpretado pelo ator Floriano Peixoto.

O papel de Floriano foi o de um vilão moderno, corrupto, movido por recalque e ambição desmedida, mas que no fundo era um belo covarde. Ele formou o trio de vilões da novela junto com os personagens Taylor de Emílio Orciollo Neto e o policial corrupto Pedro de Felipe Cardoso.



O Trio do Mal:
Paulo Roberto, Pedro e Taylor

Outro dos destaques ficou por conta de Silvia Pfeifer, pela primeira vez na carreira (pelo menos que a gente aqui se lembre) fazendo papel de uma mulher humilde! Nunca teria imaginado Silvia num papel desses, já que nos acostumamos a vê-la desde os anos 90 como dondocas, damas da alta sociedade - e de fato esses papéis combinam muito bem com ela - mas aqui em Topíssima ela saiu da zona de conforto totalmente, e o mais impressionante é que casou muitíssimo bem com a personagem Mariinha, mãe do protagonista Antônio.


Aproveitando o ensejo, é bom que se diga que,  infelizmente, graças ao preconceito que ainda existe de boa parte da mídia e do público em geral com as novelas de outras emissoras, se Silvia Pfeifer e Cristiana Oliveira tivessem feito esses mesmos papéis em alguma novela global qualquer sem dúvida nenhuma que tais personagens teriam entrado para o rol dos melhores personagens do currículo dessas atrizes.


Elas estiveram primorosas em Topíssima! 👏


Outro destaque foi a abertura da novela com o tema Quem de nós dois, popularizado na voz de Ana Carolina, e que aqui ganhou uma roupagem nova e moderninha:


Abertura de Topíssima

A canção-tema em sua forma original ainda embalou momentos do casal de protagonistas ao longo de capítulos da novela...



OS ALTOS 👍 E OS BAIXOS 👎

Bom, dito tudo isso, o fato é que Topíssima funcionou (pra mim) até certa altura da trama, depois ficou emperrada. Sim, perdeu ritmo e começou aquela enrolação com capítulos mais para esticar a novela do que para trazer conteúdo. Um dos erros aí foi justamente o de enrolarem demais para que os vilões fossem descobertos, como, por exemplo, o policial corrupto Pedro.


Pedro estava envolvido no tráfico da droga Veludo Azul

Outra coisa que me incomodou foi terem feito tanto esforço para manterem o casal protagonista mais separado do que junto, apesar de que, mesmo quando os dois não estavam juntos como casal eles acabavam ficando próximos pelas circunstâncias, então meio que amenizou um pouco - mas só um pouco.



O negócio do "Quem matou Lara" também não pegou pra mim, achei cansativa a velha fórmula do "Quem matou?" das novelas. Foram capítulos girando em torno disso, tentando lançar suspeita sobre uma gama enorme de personagens, quase todo o elenco supostamente teria algum motivo para dar cabo da Lara, incrível! 😜 


Lara é misteriosamente assassinada

Pelo menos a escolha do final inédito nesta reprise foi a melhor e mais acertada! Quando da primeira exibição a personagem responsável pelo assassinato que leva a mocinha Sophia por engano à prisão realmente foi ofensiva à inteligência do espectador e a justificativa de sua motivação para tanto foi uma das coisas mais capengas que poderiam ter inventado! Mas, como autores que trabalham esse tipo de trama do "Quem matou?" costumam escrever e gravar finais diferentes, com personagens distintos sendo os assassinos, a reprise de Topíssima se beneficiou bastante disso e, desta vez, o final escolhido foi mais coerente. 

Com relação à trama Topíssima veio com uma ótima premissa, começou com uma super pegada, todo capítulo era uma novidade, mas depois, a certa altura, como já dito, a coisa foi ficando menos interessante à medida que foram adiando demais algumas coisas que como telespectadora queria que se desenvolvessem, mas fiquei mesmo com a sensação de estar sendo enrolada... enfim, questão de gosto! 

Apesar desses apontamentos, não é uma novela ruim, pelo contrário, para quem gosta de novidade e de ver de tudo que aparece em teledramaturgia sem preconceito com canal, como eu, vai achar uma boa opção de entretenimento nesta novela. Aliás, sempre gostei da variedade, de ver atores que ficaram esquecidos em uma emissora e encontraram espaço numa outra, além do que a concorrência é muito boa, abre caminho para novidades criativas e um leque de opções para o espectador.


Enfim, tivemos pontos negativos e positivos, como em qualquer novela. Seja como for, tirando os problemas aqui apontados, Topíssima foi uma boa novela no saldo geral, com bons atores no elenco (alguns muito bons) e uma trama que começou bem ágil, um de seus maiores trunfos. Apesar de alguns pesares, entreteve. E se este era o objetivo final do espectador, valeu a pena ver de novo - para quem já tinha visto da primeira vez - ou valeu a pena ver - para quem só viu agora.


E só para não deixar passar a oportunidade, uma das coisas que tem incomodado muito nas últimas novelas da Record são as digitais da filha do dono da emissora, que um belo dia resolveu se meter a "revisora" e hoje parece que anda mesmo é escrevendo as novelas do canal! 😐

Bom, por que levantamos isto aqui? Simplesmente para dizer que ela foi revisora de Topíssima e em dados momentos deu pra perceber isso. 👀 A autora, Cristianne Fridman, já escreveu outras novelas para a emissora como Bicho do Mato, Chamas da Vida e Vidas em Jogo, e é notória a diferença de quando ela escreveu livremente e de quando teve o dedo da dona do canal como em Topíssima e em sua sucessora, também escrita por Fridman, Amor Sem Igual (2019/2020)... nesta sim deu pra ver todo o DNA da revisora (ou seria censora?) da Record TV, de modo que uma história que seria promissora acabou se tornando quase que um panfleto dos programas e palestras da herdeira do trono do canal. 


Seria bom se as pessoas, independente de suas posições de poder, permanecessem nos seus postos, deixando os escritores à vontade para fazerem seu trabalho de forma independente e profissional. É isto que diferencia trabalhos e profissionais sérios de amadores e produz obras de qualidade. Por sorte Topíssima conseguiu não ser muito prejudicada pelos pitacos não autorais e manteve um nível tolerável de interferência externa, o que não se pode dizer de sua sucessora, Amor Sem Igual. 

Essa insistência da Record nos últimos anos em interferir em textos e ideias dos autores das novelas tem prejudicado até o que antes foi o produto prime do canal: as adaptações bíblicas que já não atraem o interesse de um público mais amplo e isso tem se refletido na queda dos índices de audiência, sem falar na drástica perda de qualidade, especialmente dos textos, desse tipo de produção. 

Se continuar assim, brevemente as novelas da Record já não conseguirão mais romper a bolha e produzir destaques como foram Prova de Amor, Chamas da Vida, Os Dez Mandamentos e Topíssima. 


Lab Girl 

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