CRÍTICA: CAM TAVANLAR E SEU FIM PRECOCE

Finalmente terminamos de ver Cam Tanvanlar, a comédia romântica que estreou como uma das mais promissoras da temporada do verão turco 2021 (confira review especial sobre as estreias deste ano), mas que infelizmente foi uma das primeiras a serem canceladas devido à baixa audiência, e nesta crítica vamos analisar o que pode ter levado ao seu fim precoce, o que funcionou e o que definitivamente não funcionou nesta dizi. Vamos lá!


Aquela foto promocional que mais parece um velório 😅

Cam Tavanlar teve apenas 8 episódios e lamentamos seu cancelamento quando soubemos com base naquilo que tínhamos visto no episódio de estreia, muito bem escrito, produzido e dirigido e que indicava ali o nascimento de uma série com um toque diferente e interessante... mas, depois de ver os demais episódios, chegamos à conclusão inevitável de que foi melhor mesmo encerrar o show. E já explicamos os motivos!

Apesar do começo brilhante, os responsáveis pelo roteiro de Cam Tavanlar se perderam na história. Ou não tinham elaborado o enredo todo ainda ou no meio do negócio já não sabiam mais para onde ir, é a impressão que fica! Isto porque, a partir do episódio 6 mais especificamente, a coisa passou a parecer um balão solto ao vento... cenas totalmente desnecessárias que não acrescentavam absolutamente NADA ao enredo, simplesmente consumiam tempo de tela, e ainda a entrada de uma personagem destinada a ser a vilãzinha que atrapalharia o casal e que também não serviu para NADA além de aborrecer o espectador. 


Suna foi uma vilã mala sem alça

A personagem Suna foi uma grande perda de tempo! A ex-namorada meio louca do protagonista masculino só veio mesmo para tornar os episódios em que apareceu mais aborrecidos e arrastados, ela não teve objetivo nenhum a não ser o de tentar separar o casal com truques bem ao estilo novelas mexicanas dos anos 90.

Outro erro na condução da série foi que personagens secundários ganharam muito espaço de cena em prejuízo dos próprios protagonistas! Alguns deles eram até bons personagens, engraçados, divertidos e que poderiam entreter o espectador caso tivessem sido escritos de forma mais útil e inteligente, mas acabaram se tornando apenas desculpa para encher espaço, um espaço que nitidamente não conseguiram preencher com cenas mais interessantes e enriquecedoras para a história. Uma pena!


Şinasi, o maître cômico e melhor amigo da mocinha Leyla


Süreyya, uma dama rica que vira amiga da mocinha


Aylin, chef de cozinha e amiga de Leyla

E a tentativa de rival lutando com o protagonista masculino pelo coração da mocinha, o chef de cozinha Iskender, não vingou e ainda acabou virando o meme do esquecido no churrasco quando foi rejeitado e resolveu tirar umas férias e nunca mais apareceu!  


O personagem Iskender não rendeu e acabou esquecido no churrasco!

Além disso, alguns personagens não se desenvolveram por falta de espaço (mal aproveitado com cenas inúteis) e também por falta de escrita - por exemplo, o vilão Haldun só vivia de atrapalhar a vida da Leyla e de algumas cenas em que humilhava a esposa que queria se separar dele... e ficou só nisso! Poderiam ter desenvolvido mais e melhor esse antagonista que acabou ficando sem propósito na trama a não ser embaçar as duas mulheres em função das quais ele era escrito, e mais nada! E sem explicação lógica para essa obsessão que ele tinha em ferrar a mocinha a qualquer preço.

Haldun, um vilão maniqueísta

A mão do roteiro se perdeu tanto que até personagens que entraram depois não acrescentaram nada e não contribuíram para dar uma sobrevida à série, como foi o já citado caso da vilã chata-pra-caramba Suna, e seu primo, que não era vilão, mas só entrou no último episódio para não dizerem que não aproveitaram o ator anunciado nos créditos desde a estreia do show 😅


Enfim, com todos esses elementos (enrolação e desperdício de personagens e tempo de tela),  lá pelas tantas a impressão que ficou foi a de que realmente aquilo deveria acabar logo, pois não tinha mais história, estavam apenas enrolando... tanto que assistimos aos episódios 2 ao 8 depois da série já ter sido cancelada e quase desistimos de ir até o final de tão capenga que a série ficou... o que é uma pena! Uma grande pena.

Mas, diante de tudo isso, conclui-se que o ciclo de vida tão curto de Cam Tavanlar se deve única e exclusivamente aos responsáveis pela condução do projeto: direção e roteiro, mais especificamente. Eles simplesmente jogaram a toalha mesmo ou em algum ponto se perderam tanto que não souberam mais encontrar um rumo e não conseguiram dar uma condução mais satisfatória até o desfecho da história.




O número limitado de episódios nem seria problema se tivessem tocado o barco no rumo certo, e não deixado ele tão à deriva como deixaram, afinal de contas, existe um lado positivo em séries mais curtas que é justamente o de ver algo compacto que tenha início, meio e fim coerentes e seja bem encerrado, muito melhor do que acompanhar projetos que vão se prolongando no tempo e perdendo a essência e a qualidade – séries assim podem até fazer sucesso, mas se você prefere algo pelo conjunto da obra e não pura e simplesmente por apego a um artista e/ou casal, por exemplo, sua satisfação será mais garantida com uma obra curta, concisa e redondinha! Só que infelizmente, não foi o caso de Cam Tavanlar, que foi curta apenas em virtude do cancelamento graças à baixa audiência. E essa baixa audiência se explica totalmente pelos motivos acima apontados!

Além de roteiro e direção mal conduzidos, um dos grandes problemas de Cam Tavanlar foi mesmo de ritmo. A história era boa, a forma de contá-la é que parece ter cansado o público, redundando nos baixos índices do ibope. Infelizmente, tornamos a repetir, porque a série realmente era boa e mesmo com episódios por vezes lentos demais ela não deixou de ser uma boa série. Pode parecer estranho dizer isso depois das críticas que fizemos até agora, mas é verdade: a série era boa, sim! O que a estragou já apontamos, mas ela tinha, ainda assim, elementos de qualidade presentes do início ao fim como a fotografia, a construção dos protagonistas e a temática em si.

Os grandes problemas que fizeram Cam Tavanlar se perder ficaram óbvios a partir do episódio 6, quando o ritmo começou a ficar morno - o 6 foi quase que todo uma perda de tempo com cenas para encher linguiça! Depois o 7 que veio com a trama da ex malvada querendo infernizar a vida do casal e a Leyla quase teve uma pane no velho estilo das mocinhas de novela antiga que acreditavam nas armações mais absurdas da vilã maluca que só queria separá-la do galã! Virou quase uma novela mexicana dentro da turca 😅

Talvez se tivessem imprimido o mesmo ritmo do primeiro episódio aos episódios subsequentes teria sido possível fazer a série durar um pouco mais de tempo no ar. Mas a perda de tempo com cenas absolutamente desnecessárias e que não acrescentaram nada a história foi a pá de cal! Os roteiristas se perderam mesmo. E, para completar essa perda de rumo e ritmo, o episódio final foi meramente chato, sem graça, arrastado, decepcionante se comparado a como a série começou no seu episódio 1 😔

Enfim, mas em meio a tudo isso, vamos falar das coisas boas de Cam Tavanlar! 😁

Particularmente não conhecíamos ainda o trabalho do ator Kubilay Kaya, que atuou como o protagonista masculino Cem Kuncu (lê-se Djem Kundju).


Ele esteve muito bem no papel de Cem, aliás, este foi um protagonista masculino de que gostei muito, um personagem de se admirar pela postura, pelos princípios e por nunca, em momento algum, ter sido ogro com a mocinha Leyla, nem por um segundo sequer 👏 – coisa rara nas novelas e séries de hoje em dia, vamos ser sinceros! Claro, ele teve momentos de raiva, em que se alterou, mas jamais dirigiu essa alteração contra a pessoa da Leyla de forma a diminuí-la ou a querer subjugá-la; ele sempre foi muito justo com ela. Ou seja, foi um prota super bem escrito, e talvez em parte por isso também a série não tenha decolado como gostariam… infelizmente, numa era em que ainda fazem sucesso obras em que os “galãs” gritam, puxam, maltratam as mocinhas física e psicologicamente e boa parte do público acha isso lindo e romantiza relacionamentos que beiram o abusivo, isto quando não são realmente abusivos, um Cem Kuncu não agradaria tanto mesmo não. Que pena!


Bensu Soral também defendeu muito bem a sua protagonista Leyla. Ela brilhou em Cam Tavanlar, verdade seja dita, dominou as cenas, mesmo as mais difíceis, mostrando uma evolução como atriz de seu trabalho anterior para este. E que personagem admirável essa Leyla... uma moça forte, empenhada, destemida, mas que também tinha suas inseguranças e fraquezas, estas muito bem exploradas também. Que bom que nisso, nesses dois personagens principais, a equipe de Cam Tavanlar não falhou.


Outra das coisas que achei mais bacana em Cam Tavanlar foi que não fizeram uma mera “guerra dos sexos” como algumas outras novelas, séries e filmes que já vi… não existe aqui uma tentativa de mostrar que a mulher é melhor do que o homem ou o homem melhor do que a mulher, uma disputa vazia – a série discute, sim, o machismo, mas de maneira inteligente, sem criar uma competição fútil entre os protagonistas, sem forçar nenhum lado para sobressair sobre o outro. É muito sobre igualdade real, respeito mútuo e a colaboração entre homens e mulheres, que é o que realmente importa. Neste quesito, mais um ponto para esta dizi! 💯



💓🍎💓

No quesito romance, a série bateu na trave, e explico: o casal central teve boa química, tinha uma boa história que poderia ter sido melhor explorada, mas tivemos bons momentos deles, boas cenas sim.




Poderiam ter aproveitado mais o tempo de tela dos dois, mas parece que queriam mesmo deixar o romance decolar só mais para o final. Apesar disso, os dois tiveram várias boas cenas, mesmo enquanto separados como casal, e outras boas cenas juntos. Meus destaques vão para:

  •  O beijo de Leyla e Cem na cena final do episódio 2


Créditos do vídeo: Twitter Cam Tavanlar Brasil @CamTavanlarBr


  • Cena de Cem e Leyla presos no freezer do restaurante Lujuria (episódio 4)



Créditos dos vídeos: Twitter Cam Tavanlar Brasil @CamTavanlarBr


  • Cem e Leyla dançando no Lujuria (episódio 5)



Créditos do vídeo: Twitter Cam Tavanlar Brasil @CamTavanlarBr


  • Cem e Leyla no acampamento (episódio 6)



Enfim, Cam Tavanlar foi uma série razoavelmente boa, que começou com o pé direito e foi bem até o episódio 5... a partir do 6, com alguma paciência se pode chegar ao final no 8 e concluir que terminou a tempo de ficar realmente ruim. E no mais, resta lamentarmos que um projeto tão promissor tenha tido uma vida tão curta e esperar que os envolvidos tenham aprendido com os erros para não repeti-los nos projetos futuros!


Cam Tavanlar no saldo final 📝

* Química e desenvolvimento do casal protagonista: nota 8,75
* Escrita e desenvolvimento da protagonista feminina: nota 10
* Escrita e desenvolvimento do protagonista masculino: nota 10
* Funcionamento do elenco (entrosamento): nota 8,5
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  Visão geral da série: começamos com nota 9 e terminamos com nota 7!


Lab Girl

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