Review Fatmagul - Reta Final
Uau. Quanta coisa aconteceu desde
a nossa última review (capítulo #90)! Não fizemos mais análises capítulo a
capítulo por falta de tempo mesmo, mas queremos aproveitar o espaço para
agradecer as mensagens de carinho e as cobranças do pessoal que acompanhava e
sentiu falta delas.
Bem, como era de se esperar, em
se tratando desse novelão que é Fatmagul, muita emoção rolou da última review
pra cá. Infelizmente a trama está na sua reta final – infelizmente porque ela
nos conquistou tanto que já faz parte do nosso dia-a-dia e nem dá pra imaginar
como vai ser quando não tivermos mais um capítulo fresquinho de Fatmagul para
comentarmos e surtamos a respeito. Mas não vamos pensar nisso agora. Vamos é tentar
resumir aqui um pouco do que aconteceu até agora na nossa novela:
A DERROCADA DE MUSTAFÁ
Impressionante o desenvolvimento
e a virada desse personagem. De simples pescador, Mustafá se tornou um sujeito
atormentado, desgovernado e obcecado. Suas culpas acumuladas acabaram se transformando
num catalisador para o que havia de pior nele. Tanto que, além de assassino em
potencial, tornou-se um dos algozes de Fatmagul, quem diria.
Revisitando a trajetória de
Mustafá, desde os primeiros capítulos ele já dava mostras de ser um homem machista
e possessivo com a então noiva, Fatinha. Bastou vê-la conversando com Kerim na
festa dos Yasarans para acusá-la e cobrar satisfações como se estivesse sendo
traído. Depois disso, logo que ficou sabendo que a moça foi violentada, sua
primeira e maior preocupação foi ouvir os outros – e não a noiva – sobre o
ocorrido, e pensou logo que ela não era mais “pura” e não conseguiria conviver
com isso. Em pouco tempo, Mustafá se deixou levar pelo disse-me-disse da cidade
e até dos pais, que alimentaram o monstro ciumento e possessivo que já existia
nele e se manifestou na crença de que ele tinha sido, na verdade, traído por
Fatmagul com Kerim. Pronto. Estava dado
o primeiro passo para a perdição de Mustafá.
Abandonando a noiva à própria
sorte, sem sequer lhe dar chance de se explicar, virando as costas para ela no
momento em que ela mais precisava de compreensão e apoio, Mustafá só ouviu os
próprios demônios internos e acabou por se aliar aos piores inimigos da moça – a
família Yasaran, sem sequer desconfiar de que eles, sim, tinham feito mal a
ela.
Foi aí que a vida de Mustafá
começou a ir de mal a pior. E o que ele tinha de mais negativo começou a
aparecer: ambição, sede de vingança, inconformismo. Do pescador de vida
simples, passou a ser empregado dos Yasarans com certas regalias, sem suspeitar
de que estava sendo manipulado a cada passo que dava. Ao ver-se cercado de
luxo, desejou provar daquilo também, por que não? Numa cena em que ele entrava
no quarto de Erdogan e admirava a coleção de relógios e roupas caras do
mauricinho, ficou nítido que Mustafá estava se tornando alvo fácil para a
armadilha dos inimigos a quem ele servia.
De lá para cá, ele nunca se
esqueceu nem superou sua relação com Fatmagul. Mesmo conhecendo Hacer/Asu, com
quem poderia ter uma chance de seguir em frente e reconstruir a vida, ele
preferiu alimentar seus demônios em forma de rancor e não aceitação do passado.
E mergulhou a pobre Hacer em seu mundo de trevas. Tudo bem, a partir do momento
em que conheceu toda a história de Mustafá e Fatmagul e soube do próprio
Mustafá que ele não conseguiria amar ninguém nem ter uma vida normal, ela
aceitou o risco graças a uma enorme carência, achando que poderia tocar o
coração dele e mudá-lo – um grande erro que muitas mulheres cometem.
Depois disso, o que estava ruim
só piorou. Ele não teve paz nem para aproveitar o dinheiro sujo que ganhou e
não lhe trouxe felicidade alguma. Ainda ajudou a crucificar Fatmagul testemunhando
contra ela e contando puras mentiras. Mais para a frente, numa crise de
consciência provocada por Asu, que também já tinha se vendido aos Yasarans,
voltou atrás, mas o estrago já estava feito.
Mustafá nunca conseguiu fazer as
pazes consigo mesmo. E o resultado foi essa bola de neve que foi se acumulando,
se tornando maior e mais violenta a cada dia. Nem mesmo o amor verdadeiro de
Hacer ou o filho a caminho foram capazes de fazê-lo deixar o passado para trás
e seguir em frente, construir uma nova vida, assim como Fatmagul fez. Não.
Mustafá apenas alimentou seus demônios. Os pais, que foram tão cruéis com Fat
lá no começo de tudo, acabaram morrendo de desgosto, mas não sem antes se
arrependerem do que fizeram com ela e que em muito contribuiu para alimentar o
que de pior havia no filho deles.
Bom, chegamos num ponto em que
Mustafá já não tem mais salvação. Embora a morte de Vural tenha sido mais um
acidente do que intencional, o tiro que ele desferiu em Kerim foi por pura vontade,
e o que dizer do sequestro de Fatmagul? Não existe nenhuma desculpa capaz de
isentá-lo das loucuras que fez, o personagem não tem mais salvação. Cavou a
própria cova.
O destaque fica por conta da
atuação impecável de Firat Celik, que fez de Mustafá um personagem incrível
nessa mutação gradual de um sujeito meramente machista e rústico para um
ambicioso e obcecado. As tintas de vilania com que Mustafá veio se pintando
foram primorosas e bem aplicadas, camada a camada, e se acompanhar essa
derrocada do personagem nos fez odiá-la e nos indignar com suas atitudes, o
mérito vai todo para esse grande ator que surpreendeu a todos nessa trajetória.
Assim como os demais atores, cada um em seu papel, foi uma escolha
acertadíssima e que conferiu uma tremenda naturalidade e verdade ao seu
personagem.
A TRAJETÓRIA DE ASU, HACER OVATICK
OU HACER NALCALI
Uma mulher com muitos nomes. E
uma história nada feliz, seja sob que nome ela quiser assumir. Hacer Ovatick casou-se
no passado com um sujeito que certamente lhe prometeu uma vida melhor e acabou
por levá-la à prostituição, transformando-a em Asude (Asu). Ela nunca contou à
família que seu conto de fadas deu errado, e durante todos esses anos escondeu
a verdade e seguiu ajudando a mãe financeiramente.
Ao conhecer Mustafá Nalcali, um homem
solitário e atormentado chegando à cidade grande, ela de cara sentiu empatia
por ele, talvez por se tratar de uma pessoa muito humana, e convivendo com o
pior das pessoas ela tenha aprendido a “ler” os outros. Então, logo que viu
Mustafá, houve uma identificação e ela tentou ajudá-lo.
Infelizmente,
conhecê-lo seria mais um castigo em sua vida. Ela comprou, mesmo assim, a
chance de um amor ao envolver-se com ele, mesmo sabendo que ele ainda não tinha
superado Fatmagul e tinha uma carga pesada para carregar.
Hacer tentou
aliviá-lo de seu fardo, mas Mustafá nunca permitiu. Mesmo sofrendo na pele,
literalmente, com esse homem, ela lhe deu outra e outra chance, acreditando nas
palavras certas que ele dizia simplesmente para manipulá-la, numa altura em que
ele dependia do silêncio e do apoio dela, pois Hacer sabia demais.
Ela também foi conivente com o
lado errado da força quando aceitou dinheiro dos Yasarans para depôr no caso de
Fatmagul, ciente de que eles pretendiam desacreditar a reputação da moça envolvendo-a
com ela, uma ex-prostituta. Mesmo não tendo causado mal diretamente ou mentido,
Hacer aceitou compactuar com algo que estava sendo orquestrado com o objetivo
claro de prejudicar uma vítima de abuso. Então, Hacer não deixou de ser mais
uma a prejudicar a inocente Fatmagul. Assim como Mustafá, o dinheiro sujo que
recebeu não lhe trouxe felicidade alguma. E até hoje ela come o pão que Mustafá
e os Yasarans amassaram.
O fato de ela saber todos os podres de Mustafá e ter esperado tanto para denunciá-lo diz o quanto ela vive dividida entre fazer o que é certo e preservar um amor quase doentio, baseado em pura insegurança e dependência emocional. O homem que ela tanto ama a
rejeita, e agora pesa sobre ela a pressão de Munir contar à mãe dela sobre seu
verdadeiro passado como prostituta e o fato de ela ser bígama, pois não se
separou do primeiro marido quando se casou com Mustafá. É um destino amargo o
de Hacer, grávida e sozinha, mas ela ainda conta com o apoio do amigo Sahmi. É
esperar para ver qual será o desfecho dessa personagem, mas até aqui já dá para
dizer que ela não foi nada feliz, tendo amargado o preço de suas escolhas
erradas.
Algo que é muito interessante
nessa novela é justamente que não precisamos esperar o último capítulo para
vermos quem faz coisa errada sofrendo e se dando mal. Muito embora a condenação
oficial dos culpados pelo crime contra Fatmagul ainda não tenha saído, desde
quando praticaram esse ato abominável contra a mocinha, nenhum deles teve
sossego.
Vural sofreu com a consciência pesada e acabou pagando com a própria
vida, levando seus pais junto logo depois.
Erdogan não teve sucesso em sua
empreitada amorosa, justamente pelo estigma de estuprador.
Selim perdeu a
esposa e ainda acredita que foi traído por ela, amargando a pecha de corno até
hoje.
Resat Yasaran acabou perdendo a paz e o prestígio da empresa por conta de
todas as armações que fez com Munir para tentar manter o filho e o sobrinho
acima da lei, evitando que fossem condenados pelo crime que cometeram e não levassem o nome da família para a lama - o que de nada adiantou.
Munir
também vive de cabeça quente tendo que apagar um incêndio atrás do outro e
criar esquemas mirabolantes para isso, se enrascando cada vez mais neles.
Lá se foi o dinheiro e a paz da família
Yasaran. Perderam credibilidade no mercado, estão praticamente sem a empresa e
se digladiando entre eles próprios. Ou seja, não tiveram um segundo de paz
desde o início da novela. O que é muito bom. Afinal de contas, vibramos a cada
escorregada que eles dão, a cada notícia ruim que eles recebem e a cada plano
fracassado. A condenação judicial, que deve vir ao final da novela, será apenas
a cereja do bolo. É muito bom ver os personagens mal-caráter pagando pouco a
pouco por seus erros em vez de termos que esperar até o último capítulo para
isso – e às vezes nem assim, em se tratando de umas novelas e outras por aí...
Bom, continuaremos analisando a
trajetória desta reta final de Fatmagul, mas isto é
assunto para uma outra review. Até lá!
Crédito das fotos: google @DANILOSEEMEHP @Mhenriquewar
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